top of page

Viajar nos Livros - Baluchistão: Paquistão, Afeganistão e Irão

  • Foto do escritor: Sardine Ana
    Sardine Ana
  • 11 de mai.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de mai.

(To switch to the English version, change the language in the box at the top right from PT to EN if you're on a PC. On mobile, click the icon with three horizontal bars in the top right corner, then change from PT to EN in the box at the top of the page.)


Livros

ree





  • 📖The Wandering Falcon (PT: O Falcão Errante) - Jamil Ahmad | 🌍 Baluchistão em 1950


The Wandering Falcon

por Jamil Ahmad

ree

Primeiro, devo pedir desculpa aos leitores portugueses, pois não consegui encontrar uma tradução em português deste livro. No entanto, como já mencionei antes, talvez esta seja a oportunidade perfeita para começar a aprender uma nova língua e explorar literatura noutros idiomas! Este livro certamente vale o esforço, pois há poucas obras desta região específica traduzidas das línguas nativas.


Sobre "The Wandering Falcon", trata-se de um livro sobre a vida das tribos nómadas do Baluchistão. O Baluchistão é uma região situada entre o Paquistão, o Afeganistão e o Irão, composta por desertos áridos e montanhas implacáveis, onde vivem várias tribos nómadas.


O livro descreve a vida de Tor Baz, um rapaz que vagueia pela região e entre as diferentes tribos. A obra retrata bem como as pessoas desta região lidam com os povos sedentários das aldeias, enfrentam longas jornadas de sobrevivência e como precisam de estar em constante vigilância – pela natureza, pela sociedade e pelo seu próprio povo.


É um livro crú, que não esconde a realidade dura da vida deste povo – os valores familiares, o código de honra, a crueldade de ser mulher, a dureza, mas também a fragilidade de ser homem, e a opressão de uma sociedade. Revolta-nos por eles e também por nós, que tendemos a interferir, por exemplo, criando fronteiras entre países – o que é uma fronteira para um nómada? Nada! O que eles veem é uma terra fértil, uma montanha, um deserto e uma oportunidade de sobrevivência para mais uma estação, para eles e para os seus animais.


Este não é um livro fácil de ler, mesmo que deixemos de lado as nossas críticas. O livro permanece uma exploração da verdade, se conseguirmos ler nas entrelinhas das histórias contadas. Cada capítulo é uma história por si mesmo, e o fio condutor que as une é Tor Baz, o rapaz errante que atravessa as narrativas.


Em resumo, é um livro sobre como a errância e a sobrevivência humana estão intimamente ligadas e como fazem as sociedades evoluírem. Mostra uma essência humana verdadeira, onde nada é garantido e a sobrevivência depende da força física e mental, ou, como muitas vezes parece, da sorte na roleta genética. Com esta realidade em mente, devemo-nos perguntar: Se estivessemos no lugar deles, agiriamos de forma diferente?


--------------


Algumas citações do livro (traduzidas por mim)


Sobre a vida nómada e a pressão da sociedade:


"A tribo Kharot contava com cerca de um milhão de Homens cujas vidas eram passadas a vagar com as estações. No outono, reuniam os seus rebanhos e as suas cáfilas, dobravam as suas tendas de lã e começavam a deslocar-se. Passavam o inverno nas planícies, movendo-se inquietos de lugar em lugar à medida que cada oportunidade de trabalho chegava ao fim. Às vezes, eram os próprios animais que tomavam as decisões por eles. Quando o pasto se esgotava numa área, os animais obrigavam-nos a deslocar-se para outro local.

Com a chegada da primavera, começavam a voltar para as terras altas, com os seus rebanhos pesados de gordura e lã, as caravanas carregadas de comida e provisões compradas com os lucros do trabalho e do comércio; homens, mulheres e crianças exibindo pedaços de finas roupas que tinham adquirido nas planícies. Este modo de vida resistiu durante séculos, mas não duraria para sempre. Constituía uma afronta a certos conceitos, que o mundo começava a associar à própria civilização. Conceitos como soberania, cidadania, lealdade indivisa a um estado; vida sedentária em oposição à vida nómada, e a autoridade do estado em oposição à disciplina tribal. A pressão era inexorável. Um conjunto de valores, um modo de vida tinha de morrer."


"O que podemos dizer-lhe? A verdade, respondeu o filho. O que mais? Como é que isso o ajudará? Os animais vão morrer. Centenas deles. Caminharam em silêncio durante um tempo, pensando no efeito que a nova política teria sobre eles e sobre o seu povo. Não havia maneira de obter documentos de viagem para milhares dos elementos das suas tribos; não tinham certidões de nascimento, nem documentos de identidade ou de saúde. Não podiam documentar os seus animais. O novo sistema significaria, sem dúvida, a morte de um modo de vida que tinha séculos."


Sobre as lições de sobrevivência:


"Lembras-te do que o velho disse? O seu rosto transbordava de riso enquanto se virava para ti e respondia de forma séria. 'O segredo é cebolas cruas. Eu como cebolas cruas e sobrevivo'. E depois, acima da tua cabeça, os seus olhos encontraram os meus e entendemo-nos. O que ele te disse naquele dia era o segredo da própria vida. Vive-se e sobrevive-se apenas se se tiver a capacidade de engolir e digerir coisas amargas e desagradáveis. Nós, tu e eu, e o nosso povo viveremos porque há muito poucos entre nós que não amam cebolas cruas."


Sobre a realidade da mudança:


"Na inocência da juventude, ele imaginara que não seria um mullah hipócrita como o seu pai, mas que se afastaria. Mas antes de ficar demasiado velho, percebeu com algum receio que a sua vida não seria diferente da de seu pai. Aprendera as escrituras e preparava-se para a vida de mullah, perguntando-se se o seu pai, também na sua infância, tinha pensado em se afastar, mas desistira da sua luta quando descobrira que a rede era demasiado forte."


Se tiveres outras sugestões de livros com histórias que contam a História do Baluchistão avisa-me e lembra-te de sair da tua lata e explorar o mundo!


Sempre vossa,

Uncanned Sardine

Comentários


SOBRE a PÁGINA

Um espaço dedicado a partilhar histórias de aventuras pelo mundo, com relatos autênticos, experiências e dicas práticas de viagem.

 

Também podes solicitar Itinerários de Viagem Personalizados e/ou Experiências Guiadas.

CONTACTO

  • Instagram
  • Facebook

ENG: Subscribe now to fuel your wanderlust! Join your sardine and be a passionate explorer. Don’t miss out - our next adventure awaits!


PT: Subscreve agora para alimentares o teu desejo de viajar! Junta-te à tua sardinha e sê um explorador apaixonado. Não percas - a nossa próxima aventura está à tua espera!

SUBSCREVER

©2023 por Uncanned Sardine

bottom of page