Viajar nos Livros - Istambul, Turquia
- Sardine Ana

- 11 de jun.
- 2 min de leitura
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Livros

📖 O Museu da Inocência - Orhan Pamuk | 🌍 Istambul, Turquia 1970-2000
O Museu da Inocência
por Orhan Pamuk

"O peso da obsessão e as normas invisíveis - Uma Viagem pelo Museu da Inocencia
Este museu não foi fácil - nenhuma obsessão o é. O livro, um guia de visita ao Museu da Inocencia (que sim existe mesmo em Istambul e pode ser visitado), leva-nos pelas ruas e pela sociedade de Istambul dos anos 70, 80 e 90 conduzidos pela obsessão amorosa de Kemal por Fusun.
O apego intenso e irracional, tornou dificil manter-me ligada ao livro, tornando a leitura emocionalmente pesada. Quantas mais linhas poderiam ser escritas sobre a mesa de Jantar, sobre a maneira de fumar, sobre cada linha do cabelo de Fusun cada vez que o vento do Bosforo lhe tocava. Este apego intenso levou-me a sentir o peso emocional de Kemal.
No entanto, como em qualquer viagem, há sempre aprendizagens a retirar. Apesar da dura leitura que foi esta viagem por Istambul, a mesma foi reveladora de Istambul e principalmente das suas pessoas. O livro fala-nos para além da sua primeira camadade amor e perda, da sociedade de Istambul, principalmente uma classe alta que se mostrava aberta superficialmente mas que mantinha as suas raízes incrustadas em tradições. O paralelismo com a nossa sociedade atual surgiu facilmente. Quantos de nós hoje se mostram abertos e modernos, mas trememos à pergunta: "Então mas não casam? Então mas não queres filhos? Então não vais seguir as normas invisiveis mas pesadas que a sociedade impõe como regras da normalidade?"
Podemos parecer confiantes nas respostas, mas quantas rachas se vão abrindo internamente e quanta coragem precisamos para enfretar a não-norma?
É fácil julgar à primeira vista Kemal, o protagonista desta história, e também julgar Fusun, a outra protagonista e alvo da obsessão. Mas será facil julgar pensando em situações atuais da nossa sociedade? Quantas obsessões escondidas nascem - e perduram - por falta de coragem em avançar contra a norma?
Pamuk oferece-nos nesta viagem por Istambul, um espelho nem sempre confortável, nem sempre bonito — mas necessário. E como em todos os espelhos bem polidos, o que vemos pode ser, afinal, mais sobre nós do que sobre os outros.
Se quiseres visitar Istambul contacta-me e lembra-te: sai sempre da tua lata!
Sempre vossa,
Uncanned Sardine






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